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Esquerdistas que exaltam Chico Xavier estão bem de vida


NÃO, PREZADOS AMIGOS. NÃO FOI O CHICO XAVIER QUE MANDOU SOLTAR LULA OBSEDIANDO OS MINISTROS DO STF.

O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva foi solto, por uma mera coincidência de ter sido quatro dias após o lançamento do livro Lula e a Espiritualidade, organizado pelo jornalista do Brasil 247, Mauro Lopes, do programa Paz e Bem, o que sugere que foram as preces que deram fim à prisão do petista, motivada por acusações sem fundamento.

Os "espíritas", então, logo se apressaram com seu pensamento desejoso. Acham que foi Francisco Cândido Xavier que tirou Lula da prisão. Eles veem em Chico Xavier aquela imagem de "fada-madrinha do mundo real", se esquecendo que ele sempre foi um reaça convicto, que expressou seu pavor ao petista - igualzinho como declarou Regina Duarte - e, se estivesse hoje vivo, seria o primeiro a pedir a manutenção da prisão de Lula, alegando "necessidade de expiação das faltas".

A imagem que foi construída do "médium" mineiro foi o maior truque publicitário herdado da ditadura militar, e que a memória curta, associada à fé religiosa, ao jeitinho brasileiro e ao pensamento desejoso, transformou Chico Xavier na "síntese das virtudes humanas". No entanto, tais atribuições soam mentirosas e até mesmo sua "caridade" não tem o menor fundamento.

É até curioso que os fanáticos seguidores de Chico Xavier (uns, "isentões", são fanáticos enrustidos, gente que se acha dona da razão) pedem rigor mais do que absoluto quando se é para questionar as obras do "médium". É tanto "rigor da Razão" que acaba sendo rigor demais e razão de menos. E isso tudo é feito com o medo de que a Lógica derrubasse um ídolo religioso que vende muitos livros.

Mas quando o assunto é caridade, onde estão os dados precisos? Diz-se vagamente que "Chico Xavier ajudou muita gente" ou "ajudou milhares de pessoas" e todos vão para casa dormir tranquilos. Não se trazem dados concretos, embora saibamos que tudo isso é papo furado, pois o "médium" jamais ajudou ninguém de verdade, já que os resultados foram ínfimos, medíocres, inexpressivos, talvez até pior do que isso.

Devemos lembrar que não foi o Chico Xavier quem ajudou. Ele pedia para seus seguidores ajudarem. A "caridade" saía terceirizada. E, além disso, nos limites medíocres do Assistencialismo, que é aquela filantropia fajuta que não ameaça os privilégios dos mais ricos. E é surpreendente por que os ricos gostam tanto desta caridade e, com facilidade extrema, as elites da fortuna e do luxo adoram tanto Chico Xavier.

Não é estranho que ricos adorem tanto um suposto humilde, um pretenso símbolo de "paz e amor ao próximo"? No exterior, a tenebrosa Madre Teresa de Calcutá se serve da mesma idolatria de Chico Xavier. É aquela pseudo-caridade, defendida pelo mais sofisticado balé das palavras, mas que, em atos, não passam de jogo de cena, uma "caridade" que só ajuda o suposto benfeitor, que usa a ideia de "altruísmo" como um trampolim para sua promoção pessoal.

Que Chico Xavier se torne um "semi-deus" ou um "homem humilde" aos olhos da direita ou dos mais ricos, tudo bem. As pessoas estão bem de vida, veem a pobreza à distância, e qualquer um que segure um bebê pobre no colo vira "progressista", por mais que suas ideias se fundamentem em mensagens do tipo "na pior desgraça, deve-se aceitar tudo calado e esperar a ajuda de Deus".

O maior problema é que, infelizmente, as esquerdas também vivem bem de vida. E isso as faz virarem "vidraça" da direita mais hidrófoba. Muitos esquerdistas são de classes mais abastadas e veem os pobres de maneira distanciada, paternalista, daí ser fácil as esquerdas acolherem como "heróis" os mesmos ícones trazidos pela mídia direitista ou até mesmo bolsonarista (como o SBT).

Daí as gafes que os esquerdistas fazem, apoiando o "funk" e figuras como Chico Xavier, que fez um comentarista até muito bom, Leonardo Stoppa, derrapar feio ao definir o "médium" como "marxista". O próprio "médium", direitista, se sentiria ofendido com tal adjetivo. Mas, como bravos Ulisses modernos, os Stoppas e os Cinegnoses às vezes sucumbem aos cantos de sereias de "médiuns" feios mas perigosamente sedutores.

E por que isso acontece? Porque às esquerdas, no seu terraço ideológico, veem de longe oportunistas se promovendo às custas de pobres sorridentes. Não sabem as esquerdas que, muitas vezes, os pobres são manipulados e não é só pelas seitas neopentecostais nem por "identitaristas" de programas da Rede Globo. O "funk" glamouriza a pobreza e Chico Xavier também, à sua maneira, dentro de um receituário católico-medieval que poucos dão conta de sua existência.

As esquerdas foram tomadas de não-sindicalistas e de não-proletários que, de certa forma, mesmo sendo simpatizantes das causas populares, são dotados de preconceitos elitistas que o discurso generoso não consegue esconder. Em dado momento, eles tratam o povo pobre como se fosse um bando de animais selvagens a serem domesticados seja por alguma agência de entretenimento da música popularesca ou por alguma instituição supostamente filantrópica.

Mal conseguem perceber o caráter paternalista de fenômenos como o "funk" e o "espiritismo", porque as próprias elites esquerdistas são, também, paternalistas. É necessário que, se o esquerdismo dessas elites for sincero e sem más intenções, se deva romper com tais paradigmas, antes de se cair no ridículo de descobrirem, tardiamente, que Chico Xavier não passou de um equivalente mais feio da oportunista Tábata Amaral, dublê de ativista ao sabor da sociedade conservadora.

As elites não conseguem ver diferença entre Assistencialismo e Assistência Social, e acham que qualquer "caridade" é válida, sem saber que muitos desses atos "filantrópicos" visam a promoção pessoal ou a blindagem diante de um currículo de atos desonestos. Não esqueçamos que Chico Xavier está associado a obras de literatura fake, atribuídas a autores mortos, e as quais apresentam irregularidades que destoam dos aspectos pessoais dos mortos relacionados, além de fortes indícios de fraudes, trazidos, mesmo sem querer, por gente solidária ao "médium".

As esquerdas precisam ter coragem de ruptura, porque foi ela acolher valores e personalidades de centro-direita para perderem o protagonismo e o poder político. Afinal, elas apostaram suas fichas nos centro-direitistas que erroneamente foram tidos como "fenômenos ativistas" e entregou a eles a missão messiânica de "fortalecer as classes populares". Foi assim com o "funk", foi assim com Chico Xavier.

Dessa maneira, as esquerdas ingenuamente acreditaram que "funk" e Chico Xavier trariam a mobilização popular e a revolução socialista. As esquerdas, acreditando assim, cruzaram os braços. O golpe político que estava por trás dos apoiadores ocultos desses "fenômenos populares" - o gênero musical e o "médium" - se efetivou e as esquerdas ficaram sem as roupas, depois do banho de credulidade no rio da ilusão.

Agora perderam. Lula está solto mas o Congresso Nacional irá votar a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) sobre a prisão em segunda instância. Existem pressões para fazer voltar a valer a medida inconstitucional, agora sob o aparato de "reforma constitucional", através de uma suposta excepcionalidade legal. Lula pode voltar à prisão, se depender dessas pressões. É o que dá a "paz e bem" das esquerdas emotivas e sentimentais com o reacionário convicto Chico Xavier...

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