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Esquerdas caem na armadilha ao adorar Chico Xavier e companhia



Na Odisseia de Homero, o bravo Ulisses ordenou a seus tripulantes que o amarrassem no mastro para não cair no mar seduzido pelo canto das sereias. No Brasil em que um Ulisses, o ativista da democracia Ulysses Guimarães, não se afogou pelo canto de sereia, mas por um acidente aéreo, as esquerdas é que se seduzem pelas armadilhas sedutoras desse perigoso canto.

E ele não parte de mulheres bonitas dotadas de vozes belíssimas, mas de velhos feiosos com vozes feiosas. Enquanto o "bombardeio de amor" persiste em ser uma novidade que só ocorre nas áreas rurais de países eslavos, aqui ele só é negativo no seu termo em inglês, love bombing, e atribuído somente ao charlatanismo evangélico das seitas neopentecostais.

Sabendo que um editor do The Intercept, Alexandre de Santi, é co-autor de um livro sobre Francisco Cândido Xavier, vemos que as lutas para combater os retrocessos no Brasil ameaçam ir por água abaixo.

Não é à toa que as "boas energias" de Chico Xavier fizeram Glenn Greenwald sofrer saia justa com a ABRAJI (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) quando jornalistas de O Globo corroboraram as supostas investigações da COAF bolsonarista contra o marido do jornalista estadunidense, o deputado David Miranda.

E imaginar que o "espiritismo" brasileiro apoiou abertamente Sérgio Moro, e o "médium" Divaldo Franco o definiu como "enviado do Plano Superior Divino". Ele e "toda a equipe da Operação Lava Jato", incluindo o ganancioso Deltan Dallagnol. Como é que um "médium" considerado "tarimbado", do qual se espera clarividência, intuição, não pôde perceber a farsa da Lava Jato, já abertamente demonstrada pela estranha promiscuidade operacional entre um juiz e um procurador.

Aí os chiquistas e divaldistas ficam dizendo "médium também erra", para fazer blindagem barata. É gozado. "Médiuns" que prenunciam a tal "pátria do Evangelho", no entanto, não conseguem prever os riscos da "farinata" ou de oportunistas sob o aparato de juristas.

ARMADILHAS AGRADÁVEIS: AGENDA "POSITIVA" E "FIM DA POLARIZAÇÃO"

E aí temos a grande ameaça que é o "espiritismo" brasileiro cooptar as esquerdas, como lobos que, vestindo pele de cordeiros, visando explorar agendas "positivas" e usar do pretexto do "fim da polarização", desculpa para conservadores se infiltrarem em movimentos progressistas para impor suas pautas retrógradas.

Como investigar as irregularidades da Operação Lava Jato se ela é condicionada pelas condições psicológicas trazidas por Chico Xavier? Ele mesmo foi entregue à impunidade por iniciativa de João Frederico Mourão Russell, da antiga 8 Vara Criminal do Distrito Federal (Rio de Janeiro), juiz tão suplente quanto Carolina Lebbos e Gabriela Hardt que substituíram Sérgio Moro na Lava Jato.

Afinal, era aberrante a apropriação do nome de Humberto de Campos, que na "obra espiritual" estava aquém do talento que havia demonstrado em vida. Nem mesmo as paródias do Conselheiro XX atuavam com tamanha mediocridade. Apesar disso, a obra fake de Humberto sobrevive em nossas livrarias, relançadas em bienais e tudo, enquanto a obra original caiu no esquecimento, fora de catálogo.

É preocupante o avanço do processo de domesticação das esquerdas brasileiras. Pessoas que seguem essa opção ideológica mas que cultuam Chico Xavier, ao serem informadas do seu reacionarismo, adotam um tom de esnobismo comparável ao dos próprios bolsomínions, apesar da recusar de vínculo com Jair Bolsonaro. São pessoas confusas, que dizem rejeitar a reforma trabalhista mas adoram o "médium" que mais defendeu o trabalho exaustivo e a "livre negociação" que privilegia o patronato.

É uma esquerda "luxuosa", composta de identitaristas festivos, que veem os movimentos sociais mais como um espetáculo do que como uma defesa dos direitos humanos, pois ela se volta mais para a zona do conforto de um hedonismo extremo, onde se acham na liberdade de fumar maconha, beijar na boca de qualquer um e, depois, "purificarem-se" nos "centros espíritas" exaltando os reacionários "médiuns", os quais julgam ser "paladinos da caridade e do amor ao próximo".

É uma esquerda domesticada que se mistura com colunistas sociais conservadores, celebridades "coxinhas", neoliberais tucanos, empresariado neoliberal dotado de paternalismo assistencialista etc. Uma "esquerda" que, com todo seu aparato de "boa esquerda" - são capazes de gritar, por exemplo, "Lula Livre", como reza a etiqueta - , estão mais próximos de Luciano Huck do que de Karl Marx.

É preocupante. De repente pessoas progressistas caem nesse canto de sereia e cultuam "médiuns espíritas", a partir do próprio Chico Xavier, por causa do "verniz de caridade" que agrada a todos e faz muita gente dormir tranquila. Mesmo quando ele fala que os aflitos têm que aguentar as desgraças em silêncio, ninguém o considera um reacionário, e todos tentam usar o pensamento desejoso para relativizar suas declarações.

Acreditamos que, se Chico Xavier tivesse vivo e fosse escolhido porta-voz da Assessoria de Comunicação do governo Jair Bolsonaro, as esquerdas passem a apoiar o governo do fascista. Tão ingênuas, as esquerdas "luxuosas" e "festivas", as esquerdas-guloseimas que acham que tudo que lhes é agradável é de esquerda, devem considerar que as ideias de Paulo Guedes, se tivessem vindo da boca de Chico Xavier, seriam consideradas "progressistas". Haja ingenuidade...

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